DoWorld Pro Oficial

Anjo mecânico apresenta o mundo que deu origem à série Os Instrumentos Mortais, sucesso de Cassandra Clare. Nesse primeiro volume, que se passa na Londres vitoriana, a protagonista Tessa Gray conhece o mundo dos Caçadores de Sombras quando precisa se mudar de Nova York para a Inglaterra depois da morte da tia. Quando chega para encontrar o irmão Nathaniel, seu único parente vivo, ela descobrirá que é dona de um poder que capaz de despertar uma guerra mortal entre os Nephilim e as máquinas do Magistrado, o novo comandante das forças do submundo.
 

Epílogo

11/03/2014 20:04

Epílogo

Estava tarde, e as pálpebras de Magnus Bane estavam caindo de exaustão. Ele colocou as Odes de Horácio sobre a mesa de canto e olhou pensativo para os rastros de chuva nas janelas que davam para a praça.
Esta era a casa de Camille, mas hoje ela não estava; parecia improvável a Magnus que ela fosse voltar para casa novamente por muitas noites mais, se não por mais tempo. Ela havia deixado a cidade depois daquela noite desastrosa na casa de de Quincey, e embora ele houvesse lhe enviado uma mensagem dizendo que era seguro voltar, ele duvidava que ela iria. Não podia evitar se perguntar se, agora que ela havia se vingado de seu clã de vampiros, ela ainda desejaria sua companhia. Talvez ele só tivesse sido algo para jogar na cara de de Quincey.
Ele podia sempre partir – fazer as malas e ir embora, deixar todo esse luxo emprestado para trás. Esta casa, os servos, os livros, até mesmo suas roupas, eram dela; ele tinha chegado a Londres com nada. Não era como se Magnus não pudesse ganhar seu próprio dinheiro. Ele havia sido bastante rico no passado, ocasionalmente, embora ter muito dinheiro normalmente o entediasse. Mas ficar aqui, apesar de irritante, ainda era o jeito mais provável de ver Camille novamente.
Uma batida na porta rompeu o seu devaneio, e ele se virou para ver Archer, o subjugado, em pé na porta. Archer havia sido subjugado a Camille por anos, e fitava Magnus com repugnância, provavelmente porque ele sentia que uma ligação com um feiticeiro não era o tipo certo de amizade para sua amada senhora.
— Há alguém para vê-lo, senhor — Archer permaneceu sobre a palavra “senhor” apenas tempo suficiente para ser um insulto.
— A esta hora? Quem é?
— Um dos Nephilins — uma tênue aversão coloriu as palavras de Archer — ele diz que seu negócio com você é urgente.
Então não era Charlotte, a única dos Nephilins de Londres que Magnus poderia ter esperado ver. Por vários dias agora ele esteve ajudando o Enclave, observando quando eles questionavam mundanos aterrorizados que tinham sido membros do Clube Pandemônio, e usando magia para remover as memórias dos mundanos do tormento, quando este acabava. Uma tarefa desagradável, mas a Clave sempre pagava bem, e era sábio permanecer em seu favor.
— Ele está — acrescentou Archer, com profundo desgosto — também muito molhado.
— Molhado?
— Está chovendo, senhor, e o cavalheiro não está usando um chapéu. Ofereci-me para secar suas roupas, mas ele recusou.
— Muito bem. Mande-o entrar.
Os lábios de Archer se estreitaram.
— Ele está esperando por você na saleta de espera. Pensei que ele podia querer aquecer-se perto do fogo.
Magnus suspirou interiormente. Ele poderia, naturalmente, exigir que Archer trouxesse o hóspede à biblioteca, um cômodo que ele preferia. Mas parecia que era um grande esforço para pouco retorno e, além disso, se o fizesse, o lacaio ficaria de mau humor pelos próximos três dias.
— Muito bem.
Gratificado, Archer saiu, deixando Magnus fazer o seu próprio caminho para a sala. A porta estava fechada, mas ele podia ver, pela luz que brilhava debaixo da porta, que havia um fogo, e luz, dentro da sala. Ele abriu a porta.
A saleta de espera tinha sido o lugar favorito de Camille e continha seus toques de decoração. As paredes eram pintadas com uma cor de vinho exuberante, os móveis de jacarandá importados da China. As janelas que de outra forma davam para a praça estavam cobertas com cortinas de veludo que pendiam do teto ao chão, bloqueando toda a luz. Alguém estava de pé na frente da lareira, as mãos atrás das costas – alguém delgado com cabelos escuros. Quando ele se virou, Magnus o reconheceu imediatamente.
Will Herondale.
Ele estava, como Archer havia dito, molhado, à maneira de alguém que não se importava se chovia sobre ele ou não. Suas roupas estavam encharcadas, seu cabelo caído nos olhos. Água riscava seu rosto como lágrimas.
— William — disse Magnus, sinceramente surpreendido — que diabos você está fazendo aqui? Aconteceu algo no Instituto?
— Não — a voz de Will soava como se estivesse sufocando — estou aqui por minha própria conta. Preciso da sua ajuda. Não há... não há absolutamente ninguém mais a quem eu possa pedir.
— Mesmo?
Magnus olhou para o rapaz mais de perto. Will era bonito; Magnus tinha estado apaixonado muitas vezes ao longo dos anos e, normalmente, a beleza de todo o tipo o motivava, mas a de Will nunca fez isso. Havia algo sombrio sobre o menino, algo escondido e estranho que era difícil de admirar. Ele parecia não mostrar nada de real para o mundo. No entanto, agora, sob o seu cabelo molhado preto, ele estava branco como pergaminho, as mãos fechadas ao lado com tanta força que estavam tremendo. Parecia claro que alguma turbulência terrível estava rasgando-o de dentro para fora.
Magnus virou-se para trás e trancou a porta da sala.
— Muito bem. Por que você não me diz qual é o problema?